Todos conhecem, por certo, o provérbio popular mais vale cair em graça do que ser engraçado. A sorte, a empatia, a arbitrariedade, o saber comer e calar, a cunha, aquele empurrão no momento certo são factores que podem ditar o destino de alguém. São, ao fim ao cabo, coisas da vida. É preciso saber e ter arte para cair no goto. Caindo no goto, torna-se tudo muito mais fácil. Abre-se um número infindável de portas, portões e portinhas. Infelizmente, este nível de fortuna não atinge a maioria. E muitos recebem louros em demasia. Nasceram de cu virado para a lua.
Este produtor, vou dizê-lo sem qualquer pudor, é dos poucos tesouros que o Dão ainda conserva. Os seus vinhos, não sei se estão bem feitos, se tem defeitos ou não, encerram dentro deles uma alma enorme. Possuem aquele carácter bem típico dos vinhos do Dão, de outros tempos. Tempos que, perdoem-me, muitos já esqueceram, que não fazem ideia do que eram, mas que quase todos tendem a querer destruir.
Este produtor, vou dizê-lo sem qualquer pudor, é dos poucos tesouros que o Dão ainda conserva. Os seus vinhos, não sei se estão bem feitos, se tem defeitos ou não, encerram dentro deles uma alma enorme. Possuem aquele carácter bem típico dos vinhos do Dão, de outros tempos. Tempos que, perdoem-me, muitos já esqueceram, que não fazem ideia do que eram, mas que quase todos tendem a querer destruir.
Este Encruzado é simplesmente um estrondo de vinho. Não, não me enganei no que disse. Não é, certamente, um vinho para todos. É, antes de mais, um vinho provocatório, desafiante. E não sei se foi propositado ou resultado do acaso.
Numa época em que quase tudo recebe grandes louvores, é acariciado e paparicado por meio mundo, em que um 17, 18 ou 19 se tornaram o pão nosso de cada dia, este vinho merece um 20. Um 20 pela sua rusticidade apaixonante. Um 20 pela forma como consegue transportar dentro de si, toda a alma da pedra e da frescura acutilante da Beira Alta. Um 20 pela quantidade de arestas que tem. Não, não é um vinho bonito, mas antes, e felizmente, rude. Acima de tudo, genuíno.
É literalmente um vinho que não serve para a mesa do Rei. É para ser celebrado junto daqueles que estoicamente se lembram de como eram as coisas antigamente. Um autêntico compêndio de memórias.
Numa época em que quase tudo recebe grandes louvores, é acariciado e paparicado por meio mundo, em que um 17, 18 ou 19 se tornaram o pão nosso de cada dia, este vinho merece um 20. Um 20 pela sua rusticidade apaixonante. Um 20 pela forma como consegue transportar dentro de si, toda a alma da pedra e da frescura acutilante da Beira Alta. Um 20 pela quantidade de arestas que tem. Não, não é um vinho bonito, mas antes, e felizmente, rude. Acima de tudo, genuíno.
É literalmente um vinho que não serve para a mesa do Rei. É para ser celebrado junto daqueles que estoicamente se lembram de como eram as coisas antigamente. Um autêntico compêndio de memórias.
Comentários
Fico com água na boca só de ler suas descrições sobre este vinho. Gosto de brancos assim! Infelizmente, só encontrei aqui o tinto (Quinta do Carvalhão Torto Reserva 2007. feito com Touriga Nacional e Tinta Roriz). O preço até que não está ruim, para nossos padrões de preços no Brasil (equivalente a ~25 Euros).
Você conhece também os tintos do produtor?
Abraços,
Flavio
Um grande abraço!
Um abraço.