Pois é! Sei cada vez menos. Sei cada vez menos sobre tudo. Sinto que andei perdido no meio de presumíveis verdades, achando que sabia uma enormidade sobre tudo e mais alguma coisa. Fala-se de elegância e de finura de forma profundamente leviana, sem sabermos, na maior parte das vezes, o que querem dizer, de facto. Fala-se, porque se fala, porque está na moda, agora, usarmos estes adjectivos.
Levei um murro no estômago com este vinho. Um murro que me deixou abanado, tonto, em estado de choque. Perdido. Procurava por isto. Era disto que queria. É esta a ideia que tinha, do que foram ou do que eram os vinhos do Dão.
Profundamente delicado, falsamente frágil, com um equilíbrio dificilmente igualável. Um vinho que nos encanta, a mim encantou-me, que nos embala ao som de uma melodia suave, branda. Que nos encaminha para estados de alma, que pensei não serem possíveis de atingir. Que nos amacia. Vai-se, sem se dar conta que se vai. Não se vai empurrado, nem se vai obrigado ou coagido. Vai-se de livre vontade. Atrevo-me a dizer que estive muito próximo daquilo que espero e gosto num vinho tinto. Principalmente num vinho tinto do Dão. Do que era o Dão. Ou do que foi. Não sei.
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