É muito curto! É muito poucochinho!

Às vezes, meto-me a pensar sobre a carrada de vinhos feitos com as nossas ditas castas autóctones, que são completamente incaracterísticos, sem alma, normalizados, sem qualquer respeito pelas identidades regionais. Acabo, às vezes, por ficar mais apreensivo e chateado com isto, do que aqueles que vão sacar castas lá fora, para fazer os seus vinhos. Apesar de incompreensível, assumem declaradamente o que querem fazer.


Atrevo-me a dizer que pior do que fazer imitações assumidas, usando castas estrangeiras, é pegar nas castas nacionais e criar vinhos bastardos, sem qualquer carácter regional e identidade. Acabam por ser, também, vinhos de imitação, que podem ser de qualquer do mundo, menos do Douro ou do Dão, da Bairrada ou dos Verdes, do Alentejo ou de Setúbal, do Tejo ou Lisboa, Beiras ou Algarve. De todos os lugares, menos de Portugal. Por isso, dizer que temos uma porrada de castas não basta. É muito curto. É muito poucochinho. E era só isto, pois é sexta-feira. 

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