Voltei a 96

Como dizia o outro ainda sou do tempo em que combinar bacalhau com um belo tinto do Dão, maturado pela idade e amaciado pelo tempo, era dogma. De facto, durante anos e anos, respeitei a lei. Com o tempo, comecei a preferir acompanhar o fiel amigo com vinho branco, largando definitivamente o tinto.


  
Sem saber ao que ia, fui novamente convidado a emparelhar um tinto com o dito peixe, apresentado numa das formas mais clássicas. Assado nas brasas, com batata, bem regado com azeite e alho. E afianço-vos que todos os elementos jogaram na perfeição.


O bacalhau, o azeite, o alho e o vinho sincronizaram-se de forma exemplar. Gordura da comida e frescura do vinho. O tinto estava num perfeito estado de equilíbrio, profundamente refrescante. Por cada garfada, sucedia-se um valente trago. E tudo batia certo. Demasiado certo. Se há alturas em que não queremos recordar e nem regressar ao passado, há outras em que o fazemos com um sorriso nos lábios.

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