Os grelos...

No outro dia, vasculhei meio mundo à procura de uns bons grelos. É raro, em meu redor, conseguir um bom molho de grelos que tenha, de facto, grelos. A maior parte são folhas e mais folhas, com dois ou três espigos. Já nem discuto a ausência de sabor. Coisas de e para urbanos.


Gosto e prefiro de longe os grelos de nabo. Os de couve têm pouca alma, não dão luta. São aquela coisa fofinha. Os primeiros valem pela sua acidez, intensidade e complexidade. Simplesmente cozidos e regados com azeite, com um dente de alho bem picado lá no meio. Combinam com a alheira, com o farinheiro (não é engano), com a chouriça. Com a morcela. A da Guarda. Acidez e gordura, bem como têmperos fortes combinam de forma exemplar. Destinados a estar juntos.


Dizem-me que existem, também, grelos de nabia (não é lapso). Já me os meteram no prato. Já me os mostraram. Dizem-me (a minha família) que são menos ácidos que os de nabo, menos acres e mais doces. Algo entre os de nabo e os de couve. Serão de nabiça? Não sei.


E um arroz de grelos? Um arroz de espigos, como sempre disse e ouvi dizer, caldoso e escorreito. Come-se por si só. Sem acompanhamento ou para se envolver com uma valente tira de barriga de porco grelhada nas brasas e não aquela ridícula tira de entremeada que nos apresentam, na maior parte das vezes.

Comentários