Resistir até ao último garfo ...

Continuando na senda das imagens. Não há nada mais decadente, excessivo, profundamente lascivo, orgíaco, do que um tacho com carne e seus acompanhantes, envolvidos em cenas explicitas. Há aqui qualquer coisa de voyeurismo.

  
Ver a carne cozinhada de forma suprema, ao ponto de se desfazer com a colher, imprime no nosso corpo um conjunto de sensações, de estímulos que se aproximam do prazer sexual, duro e cru.


O molho, as fibras animais, os vegetais, os temperos misturam-se de forma luxuriante, primária, sem qualquer requinte, mas profundamente insinuantes, ao ponto de salivarmos, tal cão de Pavlov.


São imagens cada vez mais censuradas, perseguidas, contestadas. Diabolizadas por aqueles que pretendem impor novas condutas, novas formas de estar. Que querem limpar-nos de todos os males, de todas as imperfeições, de forma a ficarmos asseados. Desinfectados. Há-que lutar até ao último garfo, até à última garfada. Cerrar fileiras.

Comentários