A comida e o cheiro dela, a ser
feita ou no prato, trazem-me à mona alguns dos melhores episódios da minha
vida. Aqueles momentos que, por uma razão ou por outra, ficaram para sempre
pregados nas paredes da cabeça.
Incessantemente tento reproduzir
aquele sabor, aquele cheiro muito específico, mas resultado acaba sempre em
falhanço.
Ultimamente, sabe-se lá porquê, tenho sido
assolado por imagens, barulhos e odores dos pequenos-almoços de há 30 ou 40 anos.
Acordava-se com o cheiro do farinheiro, da morcela, da alheira. Do café da
cafeteira. Daquele em que as borras ficavam a boiar.
Um gajo levantava-se logo. Quando
chegava à cozinha estava uma mão cheia de mulheres, de volta da mesa, do fogão
ou da lareira. Enchíamos a pança, eu e os outros, logo de manhã cedo, ainda com remelas nos olhos.
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