Nunca fui um gajo de seguir
regras. Na verdade, sempre tive dificuldade em as cumprir. Sou meio
inconstante. Meio, não. Totalmente. Canso-me da norma, do que está
estabelecido. Do que tem de ser assim, porque fica bem. É um drama, porque eu
gosto do que não fica bem, do que sai do correcto, do usual, do regular.
Canso-me.
Combino a comida e o vinho, na
maior parte das vezes, sem qualquer lógica. Ou dito de outra forma, crio a
minha lógica. A minha regra. A regra do momento. E como todas experiências,
umas correm bem, outras correm mal e outras não trazem nada de novo. São as
vicissitudes da vida, postas na mesa.
Já o disse, mais que uma vez, que
deixei praticamente de beber vinho tinto, por múltiplas razões. Optei pelo
branco e pelo espumante. Servem para tudo. Para tudo, sem qualquer excepção.
Carnes, peixes. Carnes vermelhas ou brancas. Peixes gordos ou magros. Dão-se
com todos, ao contrário de mim.
Com o prato cheio de grão, nabo,
cenoura, ovo e bacalhau, encharcado de azeite e carregado de coentros, em
detrimento da salsa, gosto assim, refresquei-me com espumante. Espumante
branco. Se o prazer já era grande, com a vianda que estava no prato, com o dito
espumante o momento tomou proporções épicas, profundamente decadentes e devassas. A cada garfada sôfrega, seguia-se
uns valentes goles de bebida.
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