Nunca será o verdadeiro ...


No outro dia, fiz mais um, entre tantos, exercício de memória. Sobre a memória, há quem diga que passamos a vida a inventar. Que na verdade, as coisas não eram bem assim.
Fui procurando, passo a passo, por sensações de coisas que a minha mãe fazia. Pelo que era hábito comer, aqui na mouraria e lá em cima. Coisas de fim-de-semana. Cá em baixo, na mouraria, servia para manter alimentada a raiz, a tradição. De onde tínhamos vindo. A minha mãe era uma indefectível amante de lá de cima. Nunca esquecerei as suas palavras ao dobrar o Mondego, para a margem norte. Já cá estamos


Fui metendo na panela, fui misturando, fui acrescentando. Fui puxando pelo que ainda me lembrava. Fui e fui até onde conseguia ir. Fui ao limite das minhas habilidades, das minhas capacidades. Usei o que tinha e mesmo amputado de muita coisa, senti que, pelo menos aqui, não falhei muito. Na próxima, tenho a convicção que farei bem melhor, na certeza, porém, de que nunca será igual. Nunca será brilhante. Ou melhor, nunca será o verdadeiro.

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