Reserva de Tavares

Provavelmente os meus considerandos pessoais sobre o vinho podem reflectir alguma injustiça e muitas imprecisões. É resultado de uma avaliação pessoal feita em meia dúzia de minutos. Coitados dos que fazem disto o seu modo de vida. Avaliar vinhos em curto espaço de tempo. Acredito passam ao lado de inúmeros pormenores.
No entanto, não deixa de ser curioso observar como é que dois vinhos, do mesmo produtor, puderam apresentar um conjunto de sensações tão díspares (ambos foram provados nos mesmos moldes. Às cegas). Recordam-se, com certeza, o que disse do Terras de Tavares Touriga Nacional 2005. Um vinho que, na altura, pareceu possuir um conjunto de aptidões interessantes.
Em contrapartida, com o Reserva de 2005 confrontei-me com uma performance que deixou muito a desejar. Do dia para a noite. Um tinto que pareceu-me ser demasiadamente extraído e bastante bruto no trato. Sem dó nem piedade, usou sistematicamente da força e do exagero. O espectro aromático estava dominado por muitas sugestões químicas (com a velha tinta da china a marcar presença) e queimadas. Um impróprio cheiro a madeira verde reforçava a falta de cortesia do vinho.
Na boca dava a ideia que, de vez em quando, era sacudido por uns valentes murros. Arrepiava. Nota Pessoal: 11,5

Andou por aqui muita coisa que não percebi. Inaptidão pessoal? Um vinho que pagou uma factura elevada por causa da falta de tempo? Ambas?
De qualquer maneira, por onde anda a velha elegância do Dão?

Comentários

Anónimo disse…
O Dão não deveria ser para Portugal, o que os Borgonhas são para a França?
Pingas no Copo disse…
Era o que se dizia. Agora massificação leva-nos para tintos extraídos, pesados, meio brutos e indiferenciados. Modas.
Anónimo disse…
o 2005, que não conheço, é exactamente ao contrário do 2003, não achas?
Pingas no Copo disse…
Do dia para a noite.
O mais estranho é que o Touriga Nacional e o Jaen estão muito interessantes. Muito mesmo.

Agora, temos que relativizar qualquer comentário/apreciação temporal. Hoje está mau, amanhã estará bom.

Um abração
Anónimo disse…
E se o Jaen Torre for o mesmo que o Reserva Terras, cai tudo por terra.

Olísco da Serra
Pingas no Copo disse…
Completamente. Aliás, nesta vida, tudo cai por terra.
Paulo Coelho Vaz disse…
Acabei agora mesmo a garrafa que abri ao almoço.
Penso que o vinho dentro das garrafas não pode ser o mesmo.
O meu, aqui na cidade de Praga onde vivo, revelou-se apesar de fechado, um tinto com alguns aromas de frutas vermelhas, cerejas e ameixas, bem maduras, com notas profundas de chocolate e baunilha, mas com as notas a pinhal, tão características do Dão, já a aparecer, assim como, lá no final a tinta da china, que só os melhores “dãos” podem expressar, sem comparação em mais nenhuma região de Portugal.
A cor continua fechada, mas muito intensa e brilhante.
Taninos suaves presentes, acidez correcta, falta somente um pouco mais de profundidade.
Acompanhou maravilhosamente os ovos mexidos com chouriça e Alheira de Penalva de Castelo e arroz branco.